quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Saudade: 29 anos sem Elis Regina. Assista apresentações históricas


Voltando há pouco de uma gravação, eu vinha cantando "Alô, Alô Marciano, aqui quem fala é da terraaaa".  De repente lembrei que Elis Regina morreu em janeiro. Pesquisei no santo Google pra ver o dia certo e lá estava: 19 de janeiro de 1982. Portanto há uma semana a morte de Elis completou 29 anos!
Em 2012, quando completar 30 anos, certamente haverá uma chuva de homenagens, especiais de rádiio e TV e relançamento de discos, mas este ano passou em branco.
A gente se redime assim: apresentando Elis aos mais jovens e relembrando um pouco da carreira dela para as outras gerações. Veja essa apresentação dela, histórica, ao vivo, soltando a voz, no Fantástico, cantando Como Nosso s Pais.  Infelizmente não traz a data:



A cantora controversa, de poucos amigos, de voz forte, afinadíssima e de um repertório pra lá de rico, imortalizou sucessos da MPB como Como Nossos Pais, Maria, Maria, O Bêbado e a Equilibrista, Folhas Secas, Águas de Março, Romaria, Trem Azul, Vento de Maio, Me Deixas Louca, Velha Roupa Colorida, Dois Prá Lá Dois Pra Cá, e Fascinação, entre tantos outros, que me fogem agora. Veja essa versão de Fascinação ao vivo em Portugal, em 1978. Demais!



A "|Pimentinha", como era chamada, nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Lá  começou a carreira aos onze anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado O Clube do Guri, na Rádio Farroupilha.. Um divulgador da gravadora Continental, chamado Wilson Rodrigues Poso, ouviu a menina, aos quinze anos, em Porto Alegre e sugeriu à gravadora Continental que a contratasse. Em 1962 saiu o primeiro disco de Elis, que na época chamava-se LP. Ela tinha apenas 16 anos.
3 anos depois, em 1965, Elis ganhou projeção nacional quando venceu o 1º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Excelsior, com a música "Arrastão", como melhor intérprete.



Visionária, Elis lançou boa parte dos compositores que conhecemos, como Milton Nascimento, Renato Teixeira, Tim Maia, Gilberto Gil, João Bosco, Aldir Blanc, Belchior e Sueli Costa. Milton Nascimento, um de seus grandes admiradores,  elegeu Elis como sua musa inspiradora e dedicou inúmeras composições a ela.
Na época da ditadura criticou os anos de chumbo e talvez não tenha sido presa por sua popularidade na época. Engajada politicamente, participou da campanha pela anistia dos exilados brasileiros, e gravou uma das  interpretações que a consagraram: de O bêbado e a equilibrista ]



Elis foi casada com Ronaldo Bôscoli e César Camargo Mariano. Teve tres filhos, todos músicos: João Marcelo Bôscoli, Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, que apesar de ter 4 anos quando a mãe morreu, herdou o jeito de cantar e o tom de voz de Elis. No seu primeiro show, em 2003, Maria Rita, citou sua mãe, antes de cantar a música Menina da Lua. Disse que em entrevista, quando foi perguntada o que desejava para o futuro da filha, Elis, falou: que ela seja "Leve". Agora, adulta, quando recebeu a canção, que coincidentemente comeca com a palavra "leve", Maria Rita sentiu que a letra eh um diálogo, uma conversa entre ela e mãe. É emocionante. Preste atenção e veja a semelhanca das duas:


O Youtube é fantástico. Democrático. Olha o que está lá: Maria Rita e Elis Regina sendo entrevistadas por Marília Gabriela em 1980 no TV Mulher, na Globo.



Elis Regina lançou 27 LPS, vendeu 4 milhões de cópias em sua curta carreira. Ela morreu aos 36 anos de idade, no apartamento  onde morava nos Jardins, em São Paulo, vítima de overdose de bebidas e cocaína. Minha amiga Luiza Borges, grande reporter, foi a primeira a dar a triste noticia na antiga Radio Excelsior de SP. 25 mil pessoas compareceram ao velório, no antigo Teatro Bandeirantes, palco de seu maior sucesso: o show Falso Brilhante, apresentação em que, ironicamente, Elis cantou Gracias a la Vida:



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