segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Janis: homenagem à "pérola branca do blues"

Janis Lyn Joplin morreu no dia 04 de outubro de 1970 aos 27 anos, vítima de uma overdose. E foi com uma overdose de emoções que viveu cada dia de sua curta vida. Como ela mesma dizia "É preferível viver 10 anos intensamente, à 70 anos vegetando em frente a uma televisão." A garota texana, tímida que teve uma educação tradicional cresceu ouvindo o lamento dos negros, o blues de Bessie Smith, e como todo jovem inquieto, não havia dúvida de que se sentia diferente, estranha, não se encaixava.
Carente e ao mesmo tempo intensa vivia cada palavra, cada momento. E toda essa intensidade estava na voz, na música. Ela vivia cada nota e é por isso que era tão forte, mas ao mesmo tempo tão frágil, porque escancarava em praça pública, sangrava pra todos verem, o que sentia e sofria. Disparava sempre que podia: "A única coisa que se tem e que realmente vale são os sentimentos. Isto é que é música para mim." Ao mesmo tempo alfinetava :  "Estão me pagando 50 mil dólares por ano para que eu seja como eu sou..." Ironicamente Ball and Chain foi o que a levou para o estrelado após o Festival Pop de Monterey. E coincidência ou não ela nunca mais parou de arrastar bolas e correntes até chegar ao fundo do poço. Bebia ao máximo, se divertia ao máximo, mas ainda assim vivia carente, em busca de algo que não encontrava. No fundo, Janis tinha consciência de que a autodestruição não era um bom negócio. Ao mesmo tempo, era uma condição necessária viver esse sofrimento. “Se você não quer nada, não se conforma, você não sente dor, sofrimento. Blues é querer uma coisa que você não tem." O grande BB King decifrou isso dizendo que Janis Joplin cantava blues com tanto sofrimento como uma negra. E era realmente uma branca de voz negra. Trust me baby..confie em mim, baby, implorava Janis nos palcos e naquele momento a platéia caia aos seus pés. E ela traduzia isso com uma triste constatação: no palco faço amor com 25 mil pessoas depois vou sozinha para casa. Kozmic Blues dá a dimensão da sua dor..."Me and Bobby McGee" é o inverso de tudo isso. Música do seu namorado Kris Kristofferson, ator de Nasce uma Estrela, com Barbra Streisend. Foi uma época de leveza que se traduz no folk suave e delicado da sua verdadeira face. Uma pena que a história de Janis, assim como a versão moderna dela, Amy Whinehouse na mesma rota de destruição, era uma crônica de uma morte anunciada. Tão certa, que saiu da boca da própria Pearl: Posso não durar tanto quanto as outras cantoras, mas sei que posso destruir-me agora se me preocupar demais com o amanhã...” E com essa bipolaridade característica, ela cantava no seu mundo particular uma das músicas que eu mais me identifico e peço que vocês também ouçam, porque considero uma das mais bonitas. Pra mim ela une as duas melhores partes numa só...
Trust in me, baby, give me time, gimme time, um gimme time.
I heard somebody say, oh, "The older the grape,
Sweeter the wine, sweeter the wine."
by Andréa Fassina.
Agora pra assistir:


E outro fã da Janis, que acabo de descobrir tem apenas 24 anos. É o Thomas Guida, jovem repórter, da Band, que tem inclusive aquele "LP duplo, da capa clássica da Janis", como ele mesmo disse. E o Thomas recomendou esse video de Summertime, com arranjo de metais. Veja:

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